sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Coverflip: uma nova proposta


Coverflip começou como uma ideia na internet da autora YA Maureen Johnsson. O tópico começou de uma maneira bem simples no twitter - "às vezes acho que todos os editores querem que eu vire um homem".

E a partir daí, foi uma polêmica danada. Eu totalmente concordo com a Maureen, algumas capas são ridiculamente desenhadas, principalmente para autoras. Na verdade, o mercado literário em geral é mais fechado para mulheres - 90% das resenhas publicadas no NYT são de livros escritos por homens. Quebrando esse número, as outras minorias - diferentes etnias, orientação sexual, etc, esse número é absurdamente menor. Na verdade, muitas das autoras mulheres são requisitadas a manterem somente suas iniciais quando vão publicar um livro - porque a lógica executada, nesse caso, é "que garoto vai querer um livro escrito por uma mulher?" Um exemplo? JK Rowling.

É fácil perceber que na verdade, o mercado acaba sendo bem preconceituoso com escritoras do sexo feminino. No geral, preferem focar no romance ou qualquer outra coisa que alguém na pré-história definiu que as "mulheres devem gostar". FYI: mulheres gostam de tantas coisas diversas quanto homens. Eu gosto de filmes de ação ruins e minha irmã gosta do Nicholas Sparks. E nós duas amamos a Marvel. Está vendo? O mundo de hoje está muito mais cheio de uma população variada do que antigamente, e acho melhor começarmos a mudar os padrões.

Hoje, porém, o foco vai ser mesmo nas capas feitas para os livros. Na maioria das vezes, os autores não podem escolher a capa de seus livros. Há a questão do design e de tudo mais - e vamos dizer, nem todo escritor é expert nesse assunto. Porém, o que ocorre é que há uma diferença brutal nas capas desenhadas para homens e mulheres escritores - independentemente do tema do livro.

Mas tá, como assim? A capa não era pra ser alguma coisa a ver com o tema do livro ou o público alvo?

Exatamente.

E sabe o que as pessoas fazem? Continuam ignorando esse fato. E numa boa, isso é péssimo pro marketing. às vezes até chegamos a sentir uma pontada de vergonha quando estamos lendo um livro no ônibus por causa da capa. E realmente, muitas delas não tem nada a ver. E na maioria das vezes, isso acontece com autoras mulheres.

Throne of Glass, da Sarah J Maas, foi um dos melhores exemplos que eu achei até agora. O livro conta a história de Celaena, a melhor assassina do reino, e a competição brutal que precisa enfrentar para conseguir de volta sua liberdade. A capa ilustra uma garota bonitinha segurando uma faca, e só. MAS SENHOR QUE ISSO TEM A VER??????? Agora do lado direito, temos a capa do desafio de Coverflip - se Throne of Glass tivesse sido escrito por um homem. Fácil de perceber, certo?

Isso continua ocorrendo, o tempo todo. Os chamados 'chick-flicks' possuem uma capa pior que a outra, cada uma enfeitada mais de rosa. Mas o problema é que muitas vezes não tem nada a ver com o tema do livro - e no caso, parecem respeitar mais quando a obra é escrita por um homem.


É, algumas capas são um pouco mais sensatas do que as outras.


E isso continua a acontecer. Livros escritos por homens e considerados "para homens" possuem uma capa mais relacionado ao tema, e enquanto isso, temos o que acontece com os outros livros escritos por mulheres. Temas sérios, perturbadores, preocupantes, analistas... resumidos a florzinhas na capa.

É claro que nem sempre os autores homens ganham as capas que querem, mas no geral, a regra é mais válida pelo outro lado. Livros escritos por mulheres = romances, fáceis de ler, bobinhos. Protagonistas femininas = romances, preocupações bobas, personagem chatinha, etc. (Novamente, acho que vou ter que focar nessa parte em outro post). O que importa, na verdade, é as pessoas pararem de fazer capas generalizadas e que não retratam o livro. Em "A Seleção", de Kiera Cass, a capa é uma garota com um vestido de baile. Mas sim, a história é sobre uma competição onde a vencedora se tornará a futura Rainha. Agora Vampire Academy, a história de Rose e sua melhor amiga, Lissa e toda uma batalha interna num mudo de vampiros. E aí passamos para a capa, que consegiram resumir em:


... é, não tem muito o que falar sobre isso não. 

Concluindo o post, no geral, é para ficarmos mais atentos a esse tipo de questão. Quanto mais a ignorarmos, mais isso vai continuar acontecendo dentro do mercado literário. Se a capa tem a ver com o tema do livro ou sobre o que está escrevendo, ótimo! É assim que a capa de um livro deveria ser! E enquanto isso, esperamos milagrosamente que essa indústria seja capaz de mudar e atender melhor aos desejos tanto do consumidor, quanto do autor - melhorando as nossas capas por aí e fazendo-nas parecer mais a ver com o livro que estamos lendo e não com uma coisa que minha avó chamava de "filme de segunda feira". E parar, por favor, com os benditos "gendered" books - os livros são feitos para serem aproveitados por todo mundo, seja homem, mulher, criança, escrito por homem, mulheres ou aliens. Vamos parar com os estereótipos que estamos em 2013 e isso está ficando velho.

-Laura


Outros links que vocês deveriam checar com pessoas explicando as coisas bem melhor que eu:



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